A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, nesta semana, um alerta sobre o avanço da dengue no mundo. De acordo com a entidade, as mudanças climáticas tendem a piorar as epidemias locais da doença. A arbovirose tem como vetor de transmissão o mosquito, particularmente o aedes egypti, conhecido em todo o Brasil. Como consequência do aquecimento global, o ambiente deve se tornar ainda mais propicio para sua proliferação.
“As mudanças climáticas têm impacto na transmissão da dengue porque aumentam as chuvas, a umidade e a temperatura”, afirma a líder da equipe da OMS sobre arbovírus, Diana Rojas Alvarez. Então, a especialista alerta que o mundo precisa de “máxima atenção e resposta em todos os níveis”. Isso porque os números da dengue já apresentaram grande elevação neste 2023.
De acordo com dados da OMS, apenas em 2023, foram “mais de 5 milhões de infecções por dengue e 5 mil mortes este ano em todo o mundo, sendo quase 80% nas Américas, Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental”. Contudo, apesar de endêmica nestas regiões citadas, o vírus avança e atinge áreas que não contavam até então com transmissão local da doença.
“Propagação da doença atinge agora regiões antes não afetadas; surtos foram observados no Afeganistão, Paquistão, Sudão, Somália e Iêmen; transmissão local passa a ocorrer em países como França, Itália e Espanha; mudanças climáticas em chuvas, umidade e temperatura favorecem proliferação do vetor”, informa o alerta.
Antes mesmo do alerta da OMS, a ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade, antecipou a cautela. Ela anunciou que o Brasil será o primeiro país do mundo a vacinar seus cidadãos de forma pública e gratuita. Porém, ainda não universal. Isso porque a vacina da dengue é nova e o laboratório responsável pelo imunizante chamado Qdenga não conseguirá fornecer o quanto o país precisa, pelo menos em 2024.
A estimativa é de que o laboratório entregue, pelo menos, 5 milhões de doses ao Brasil no próximo ano. Então, o Ministério da Saúde, através do Programa Nacional de Imunização (PNI), traçará estudos sobre a população mais vulnerável e de regiões mais afetadas.
De acordo com a OMS, 4 bilhões de pessoas estão em áreas de risco para a dengue. No Brasil, praticamente todas as regiões possuem histórico com a doença e transmissão local sazonal. O ano de 2023 está fechando como o mais quente do planeta em 125 mil anos. O El Niño, que aquece as águas do Pacífico, se desenha como o mais feroz da história. Tudo isso levou a América do Sul, particularmente, a registrar temperaturas históricas. Tudo isso piora o cenário de transmissão da dengue.
Sobre os riscos à saúde, a entidade afirma que “a maioria dos infectados não apresenta sintomas e normalmente se recupera dentro de uma a duas semanas. No entanto, as infecções graves por dengue são marcadas por choque, sangramento grave ou comprometimento de órgãos”, informa a entidade.
“Os sinais de alerta a serem observados incluem dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramento nas gengivas, acúmulo de líquidos, letargia, inquietação e aumento do fígado. Como não existe tratamento específico para a dengue, a detecção precoce e o acesso a cuidados médicos adequados são cruciais para diminuir a probabilidade de morte devido à forma grave da doença”, completa.