As refinarias da Petrobras atingiram em setembro o patamar de 97% de utilização pelo segundo mês consecutivo. Assim, o Fator de Utilização Total (FUT) das refinarias no terceiro trimestre de 2023 alcançou o valor de 95,8%, melhor resultado desde 2014. Como resultado, a produção de derivados pela estatal também bateu recorde entre julho e setembro deste ano.
A produção de diesel S-10 (com menor teor de enxofre) chegou à marca de 464 mil barris/dia (mbpd), ante 419 mbpd produzidos no segundo trimestre de 2023. Somando todos os tipos de diesel, a Petrobras refinou 749 mbpd, maior produção trimestral desde o terceiro trimestre de 2015.
Do mesmo modo, a produção de gasolina foi de 423 mbpd no trimestre, melhor resultado desde o quarto trimestre de 2013. Outro destaque foi a produção de 741 mil toneladas de cimento asfáltico de petróleo (CAP), matéria-prima para a pavimentação de rodovias, sendo a maior produção deste derivado desde o quarto trimestre de 2014.
A recordista de taxa de utilização foi a Refinaria de Paulínia, a Replan, operando em setembro com 98,4% da sua capacidade total. A unidade processou, ao longo do mês, uma média de 427 mil barris por dia, maior volume desde fevereiro de 2015.
Em nota publicada nesta terça-feira (17), Rosangela Buzanelli, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras, afirma que os patamares recordes de utilização das refinarias apontam para uma “importante mudança de cenário” e “mostram um novo olhar estratégico” na condução da estatal. Isso porque, durante os governos Temer e Bolsonaro, a Petrobras optou por reduzir a relevância do refino.
De acordo com levantamento do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis (Ineep), o FUT médio do parque de refino estava acima de 90% entre 2011 e 2014. Entre 2016 e 2021, caiu abaixo de 80%, sendo a menor média entre 2017 e 2020, quando o FUT chegou a 76%.
O objetivo era privilegiar a entrada de importadores de combustíveis no país. Nesse sentido, a justificativa era que o aumento da competitividade na distribuição resultaria em queda nos preços dos refinados de petróleo no Brasil. O que se viu foi justamente o contrário.
Além disso, com a redução da capacidade de refino, a Petrobras também atuava para tornar mais atraente a venda de refinarias ao setor privados. Durante o governo Bolsonaro, a estatal privatizou quatro refinarias – Landulfo Alves (BA), Isaac Sabbá (AM), Clara Camarão (RN) e Lubnor (CE). Em todos os casos, os ativos da Petrobras foram vendidos a preços muito abaixo do valor de mercado.
“Essa ociosidade, induzida e orquestrada para justificar a privatização do refino, certamente trouxe prejuízos enormes à companhia, com irreparáveis perdas de lucro e mercado”, afirmou a conselheira. Nesse sentido, ela defende a apuração das consequências dessas decisões, bem como a responsabilização dos envolvidos.
“Felizmente, o novo projeto de país traça novos planos para a Petrobras: investir, fortalecer, modernizar e ampliar o parque de refino da empresa. E tudo isso é fundamental para atender as metas de eficiência energética e descarbonização, além de buscar a autossuficiência em combustíveis, tão vital para nossa economia e soberania energética”, disse Rosangela.