Secas, tempestades, ciclones e calor extremo. Eventos climáticos relacionados ao aquecimento global que tendem a ser cada vez mais constantes. As chuvas que deixaram dezenas de mortos no Sul do país não completaram um mês e outra onda climática atípica atinge o país. Desta vez, as temperaturas da maior parte do Brasil estão prestes a chegar em níveis recordes, de acordo com meteorologistas. Diferentes regiões enfrentarão termômetros acima dos 40 graus, particularmente no domingo (24). Diante deste fato, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta vermelho “de intensidade excepcional” em nove estados.
O evento encerra um dos invernos mais quentes da história na América do Sul. Se confirmadas as previsões, cidades como São Paulo poderão registrar recordes absolutos de calor. A máxima histórica na cidade aconteceu no verão, em 17 de outubro de 2014, com 37,4 graus. Agora, o calor pode superar essa marca nos primeiros dias de primavera. De acordo com as previsões, a temperatura ficará entre 37 e 38 graus. Esta tendência de clima extremo deve continuar durante toda a primavera, de acordo com cientistas. O cenário do aquecimento global fortalece o evento do El Niño, que basicamente é o aquecimento das águas do Pacífico sul.
Contudo, para alívio dos moradores da cidade, a partir de terça-feira o clima deve ficar mais ameno, mas não frio. Refresco que pode não durar. De acordo com o Clima Tempo, a estação tende a registrar altas temperaturas no Sudeste e muitas chuvas no Sul. “A primavera de 2023 será especialmente marcada por muito calor no país e também mais chuva no Sul do Brasil. A primavera de 2023 será especialmente marcada pelo calor acima do normal em quase todo o Brasil. Os primeiros episódios de calor intenso já serão experimentados nos primeiros dias da estação, com o prolongamento da onda de calor que se espalha pelo país na última semana do inverno de 2023”, afirma a empresa.
Na quarta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterrez, fez um alerta duro durante a reunião da Assembleia da ONU, em Nova York. “A humanidade abriu as portas do inferno, como mostram os efeitos horríveis do calor terrível”, disse. Estudos da entidade apontam que não há mais volta para um cenário totalmente seguro. Contudo, cabe à humanidade tentar remediar e minimizar os impactos do aquecimento global, bem como evitar que ele seja ainda mais prejudicial à vida na Terra.
“Ainda podemos limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C e construir um mundo de ar limpo, empregos verdes e energia limpa e acessível para todos”, completou Guterrez, em um apelo repetido mas que autoridades globais pouco respeitam.
Diante dos desafios do calor extremo, parlamentares chegaram a pedir a suspensão das aulas e a flexibilização do trabalho presencial. Em São Paulo, a prefeitura inaugurou uma série de tendas pela cidade para ajudar trabalhadores e pessoas em situação de rua. O saldo é de que a força tarefa atendeu 797 pessoas no segundo dia da Operação Altas Temperaturas (OAT), nesta quinta-feira (21). Foram 292 idosos, 31 crianças e 55 adolescentes. No dia anterior, 340 pessoas haviam procurado o serviço.
No segundo dia da operação os termômetros registraram até 33,9°C. A ação começa sempre que as temperaturas atingirem 32º C, ou sensação térmica equivalente. Similar à Operação Baixas Temperaturas (OBT), a atual é uma iniciativa da prefeitura em parceria com o governo paulista, em parceria com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
No total, entre 10h e 16h de ontem (22), as equipes da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social fizeram 10.805 atendimentos com distribuição de 23.427 itens, sendo 9.883 garrafas de água, 2.611 frutas e 8.266 bonés. No primeiro dia, no mesmo período, foram 3.976 atendimentos e 6.475 itens, sendo 3.738 garrafas de água, 2.527 frutas e 210 bonés.