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Naturatins autoriza coleta do capim-dourado e beneficia associações de artesãos e extrativistas na região do Jalapão

Lei estadual institui o calendário de coleta para garantir o manejo sustentável e a preservação dessa matéria-prima

22/09/2025 às 21h51
Por: Redação Fonte: Secom Tocantins
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A colheita do capim-dourado é motivo de celebração para as famílias que dependem do chamado “ouro do Cerrado” - Foto: Kleidiane Araújo/Governo do Tocantins
A colheita do capim-dourado é motivo de celebração para as famílias que dependem do chamado “ouro do Cerrado” - Foto: Kleidiane Araújo/Governo do Tocantins

O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), responsável pela gestão do Parque Estadual do Jalapão (PEJ) e da Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão, acompanhou, no sábado, 20, o início do período autorizado para a coleta do capim-dourado no campo Rio do Meio, localizado na região sudeste da APA do Jalapão, no Território Quilombola do Carrapato.

A colheita do capim-dourado está autorizada até 30 de novembro, conforme a Lei nº 3.594/2019, que institui a Política Estadual de Uso Sustentável do Capim-Dourado e do Buriti. A autorização abrange todas as associações de artesãos e extrativistas cadastradas no Naturatins. A norma estabelece o calendário de coleta para garantir o manejo sustentável e a preservação da matéria-prima.

As atividades ocorrem dentro do PEJ e da APA Jalapão, onde estão localizados diversos campos de capim-dourado, essenciais para a produção artesanal local. Entre eles estão o Faveira, Caetano, Corta Perna, Rio do Meio, Brejo da Danta, Cabeceira do Carrapato, Riacho de Areia, Brejo das Meninas e Gongo.

A supervisora da APA Jalapão, Rejane Ferreira, ressaltou o papel do Naturatins durante esse período. “Está autorizada a coleta do capim-dourado, e essa data é muito importante, pois as comunidades ficam o ano inteiro aguardando para iniciar as coletas e o manejo adequado. Esse manejo garante a manutenção da espécie, protege as veredas e garante a renda das comunidades. Boa parte da população do Jalapão depende do artesanato feito com o capim. Até 30 de novembro, as comunidades estarão nos campos coletando, e o Naturatins seguirá acompanhando, conversando, ouvindo as dificuldades e incentivando as boas práticas”, destacou.

Ainda, para a supervisora Rejane Nunes, os campos de capim-dourado estão fartos neste ano e devem garantir uma colheita abundante. A expectativa é de que as comunidades tenham uma quantidade significativa de matéria-prima para a confecção do artesanato, assegurando a geração de renda para as famílias que dependem da atividade.

Tradição e sustento

Conhecida como uma tradição que atravessa gerações, a colheita do capim-dourado é motivo de celebração para as famílias que dependem do chamado ouro do Cerradopara o sustento.

O processo é manual e exige cuidado, envolvendo técnicas tradicionais transmitidas de geração em geração. Caminhar pelos campos úmidos, muitas vezes de difícil acesso, é um verdadeiro desafio. Além de representar o artesanato sustentável da região, o capim-dourado tem forte impacto socioeconômico, especialmente entre as mulheres artesãs.

A expectativa é de que, nos próximos meses, o capim-dourado colhido seja transformado em bolsas, chapéus, acessórios e outros artigos que circularão no Brasil e no exterior, divulgando a cultura do Jalapão.

A artesã Noemi Gonçalves da Silva reforçou a importância do momento para a comunidade. “Estamos vivendo um momento muito importante para nós, artesãos da região. Sabemos que a colheita autorizada tem data certa para começar, e a iniciamos de forma regular. Reunimos amigos e viemos para o campo fazer a coleta”, contou.

Mais do que uma prática extrativista, a colheita do capim-dourado é um elo cultural e econômico que sustenta a vida de famílias no Jalapão e em Mumbuca. As peças produzidas, conhecidas mundialmente, simbolizam o cuidado com a natureza e a sabedoria de um povo que sabe extrair dela o sustento sem esgotá-la.

O artesão Argemiro Pereira da Silva, de 76 anos, morador da comunidade Formiga, também destacou a relevância do período. “Sou um dos moradores mais antigos da comunidade. Há cerca de cinco anos, venho colhendo capim-dourado com meus filhos, enquanto minha esposa costura as peças. Os produtos são vendidos aqui e no município de Mateiros, onde a demanda é grande. Essa autorização é importante para manter viva a nossa cultura e garantir o sustento de muitas famílias da região”, afirmou.

Orientações

Desde o início do ano, o Naturatins tem percorrido diversas regiões do estado para orientar comunidades e artesãos sobre a Lei nº 3.594/2019, reforçando os principais pontos da política estadual e incentivando o cumprimento das regras de coleta, manejo e transporte do capim-dourado e do buriti. O objetivo é assegurar o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental, ao mesmo tempo em que garante o sustento das comunidades tradicionais.

Naturatins autoriza coleta do capim-dourado e beneficia associações de artesãos e extrativistas na região do Jalapão
Supervisora da APA Jalapão, Rejane Nunes, comenta que observou os campos de capim-dourado mais fartos este ano - Kleidiane Araújo/Governo do Tocantins
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A artesã Noemi Gonçalves da Silva celebra a liberação da colheita do capim-dourado - Andréa Marques/Governo do Tocantins
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O artesão Argemiro Pereira da Silva, de 76 anos, colhe capim-dourado a cerca de cinco anos - Kleidiane Araújo/Governo do Tocantins
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