Sob justificativa de supostamente desmantelar a articulação do grupo armado palestino Hamas, Israel prossegue com o massacre na Faixa de Gaza. Em dois meses de ataques, o governo sionista de Benjamin Netanyahu já matou mais de 16 mil árabes residentes do único trecho de terra independente da política colonialista de Tel Aviv. De acordo com autoridades palestinas, dos mortos, mais de 7.100 são crianças, de acordo com dados mais recentes divulgados ontem (5). Israel já não esconde seu objetivo. Tomar totalmente o controle da Palestina, que pode ter dias contados, de acordo com o governo de Tel Aviv.
Hoje (6), Netanyahu reafirmou o que os palestinos já esperavam. E o que os sionistas almejam desde a criação do Estado de Israel, em 1948: finalizar o Nakba. O primeiro-ministro disse, abertamente, que a Autoridade Palestina não terá o controle de Gaza. Ao menos enquanto ele estiver no comando. A palavra Nakba em árabe remete à destruição do povo, da cultura, da identidade e dos direitos políticos dos palestinos.
Desde a formalização como Estado, Israel viu a ideologia sionista ganhar força e impor sua verdade única; de que aquelas terras seriam destinadas pelo divino ao povo herdeiro dos hebreus.
Contudo, ali existe um povo, que conta seus dias até a expulsão final diante da apatia internacional. Um povo semita, de origem tão antiga que remete a origem similar à dos judeus. Área de cultura milenar, que a Bíblia cita como “Canaã”, ou “Sion”, como preferem os judeus adeptos da Torá, livro sagrado dos judeus. Em boa parte de sua história, a Palestina viveu como uma região pacífica, com ampla aceitação de diferentes religiões. Contudo, a convivência na diversidade que agrada grande parte dos judeus parece não interessar aos sionistas.
A Faixa de Gaza, atualmente, é a única região com autonomia militar do governo central de Israel. Outro território palestino, a Cisjordânia, conta com a presença massiva do exército colonizador, além de ver um processo constante de redução de seu território a partir de uma política de assentamentos. Então, Israel está prestes a resolver, enfim, essa situação.
“Enquanto eu for primeiro-ministro, isso não acontecerá (a autonomia palestina em Gaza). Quem educa os seus filhos para o terror, financia o terror e apoia famílias de terroristas, não poderá controlar Gaza depois de erradicarmos o Hamas”, disse hoje o primeiro-ministro de Israel.
Israel desrespeita com frequência tratados internacionais. Entre eles, aqueles que condenam ataques a hospitais. Instituições, estas, que estão entre os alvos preferidos de Israel em Gaza, ao lado de escolas. Dezenas de médicos já morreram na região, incluindo missionários das Nações Unidas e do Médicos Sem Fronteitas (MSF). Além disso, o governo Netanyahu mantém postura firme contra propostas de cessar-fogo; posição que tem apoio quase único na comunidade internacional, dos Estados Unidos.
Entretanto, mesmo o governo norte-americano busca uma aparente solução dos conflitos, apesar de apoiar as ações israelenses de forma quase incondicional, na prática. Em novembro, o presidente dos EUA, Joe Biden, tentou negociar pausas humanitárias. Contudo, quem obteve sucesso nas propostas de tréguas foi o governo do Catar, por apenas seis dias. Mesmo assim, Biden afirmou, categoricamente, que a Autoridade Palestina, que controla politicamente a Cisjordânia, deveria assumir Gaza após a guerra.
O presidente do grupo palestino coordenado pelo partido Fatah, Mahmoud Abbas, concordou com a proposta. Seu grupo político tem histórico moderado de oposição ao Hamas, que adota métodos mais violentos para reivindicar direitos palestinos.