Mais de 300 advogados apresentaram uma queixa formal contra o governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu no Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, na Holanda. A denúncia, entregue ontem (13), alega que a conduta de Israel no conflito contra o grupo Hamas constitui crime de genocídio. São mais de 10 mil vítimas, grande maioria civis e mais de 60% mulheres e crianças. Entre os alvos prioritários de Israel, hospitais e escolas.
A queixa foi protocolada pelo representante por Gilles Devers, advogado de vítimas na região. Além dele, uma delegação de quatro defensores esteve perante um procurador do TPI hoje. De acordo com Devers, a ação visa responsabilizar o governo israelense pelas agressões. Ele argumenta que a escalada de violência resultou “em mortes, retirada forçada da população e condições desumanas em Gaza”.
Gilles Devers lembrou ainda, em pronunciamento à imprensa, a extensão da mortandade, a retirada forçada da população e a privação de recursos essenciais. Entre eles, água, energia, alimentos e medicamentos. Então, sugere uma intenção de aniquilação total da população de Gaza por parte de Israel.
A advogada brasileira Carol Proner, fundadora da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) comentou o caso. “Israel acaba de ser denunciado ao Tribunal Penal Internacional pelo cometimento do crime de genocídio. Em ação coletiva que reuniu associações e sindicatos de todo o mundo e mais de 300 advogados”, disse.
Segundo dados do Ministério da Saúde Palestino, desde o início do conflito em 7 de outubro, mais de 11.200 palestinos morreram, incluindo mais de 7.700 mulheres e crianças. Além disso, mais de 28.200 pessoas ficaram feridas.
A comunidade internacional aguarda agora a resposta do Tribunal Penal Internacional diante da denúncia apresentada pelos advogados das vítimas palestinas, enquanto o conflito em Gaza continua gerando preocupações e pedidos por um cessar-fogo imediato.
Enquanto isso, o mundo todo pede paz. No Brasil, mais um ato será realizado na sexta-feira (17). Desta vez, em frente à embaixada de Israel, na Cidade das Monções, capital paulista. O chamado do ato é claro. “Fim do genocídio em Gaza e da limpeza étnica”. A Organização das Nações Unidas (ONU) vem, reiteradamente, denunciando o genocídio. “Crianças não são alvo”, criticam. Contudo, Israel não ouve os apelos e ainda ganha reforço nos Estados Unidos e até mesmo na mídia hegemônica brasileira.
Diplomatas da ONU anunciaram hoje que, inclusive, as ações humanitárias sofrem com os ataques de Israel. Eles disseram que os esforços de paz “estão chegando ao fim”, por falta de condições. Mais de 300 médicos, muitos de entidades como Médicos sem Fronteiras, foram assassinados por Israel.
“A resposta humanitária na Faixa de Gaza, da qual dependem mais de 2 milhões de pessoas, está gradualmente chegando ao fim porque nenhum combustível foi autorizado a entrar na Faixa de Gaza desde 7 de outubro”, disse o comissário-geral da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, em reportagem do jornalista Jamil Chade, para o Uol.