
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso na abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em que tocou em todas as premissas que o transformaram na maior liderança do chamado Sul Global na atualidade: a luta contra a fome e a desigualdade, pela paz e por inclusão social. Exortou que as lideranças mundiais sejam capazes de se indignar com o desrespeito pelo ser humano.
O discurso de Lula foi aguardado com expectativa, após os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro, período em que o Brasil passou a ser citado pela comunidade internacional como um “pária” do mundo.
Segundo o presidente brasileiro, “somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo ao nosso redor”. No púlpito nas Nações Unidas, onde discursou pela oitava vez, defendeu que a entidade tem de recuperar os valores que motivaram sua criação.
Muito aplaudido ao defender a liberdade de imprensa, Lula lembrou que há vítimas esquecidas pela visão do Ocidente sobre o que é de fato liberdade de expressão. “É fundamental preservar a liberdade de imprensa. Um jornalista como Julian Assange não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima”, disse.
“Nossa luta é contra a desinformação e os crimes cibernéticos”, continuou. Segundo o presidente brasileiro, os aplicativos e plataformas “não devem abolir as leis trabalhistas pelas quais tanto lutamos”. Os governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a “voz dos mercados” e a “voz das ruas”.
Lula também mencionou a Palestina, nação sem respaldo ou apoios significativos em sua luta por ser um Estado respeitado. “É perturbador ver que persistem antigas disputas não resolvidas e que surgem ou ganham vigor novas ameaças. Bem o demonstra a dificuldade de garantir a criação de um Estado para o povo palestino”, afirmou.
Citou nesse contexto a crise humanitária no Haiti, o conflito no Iêmen, as ameaças à unidade nacional da Líbia e as rupturas institucionais em Burkina Faso, Gabão, Guiné-Conacri, Mali, Níger e Sudão. Para Lula, “a guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU”.
Na área econômica, criticou duramente o neoliberalismo, que segundo ele “agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias”. O legado desse escola econômica, acrescentou o presidente, “é uma massa de deserdados e excluídos”. “Em meio aos seus escombros surgem aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas”, disse, sem citar nomes.
Antes do discurso de abertura, Lula se encontrou com o secretário-geral da ONU, António Guterres. Na ausência de outros líderes mundiais, o brasileiro aparece no evento como o principal interlocutor do Brics e do Sul Global. O discurso de abertura segue a tradição que vem desde 1947. Desde então, cabe ao chefe do governo brasileiro fazer o primeiro discurso da Assembleia Geral, seguido do presidente dos Estados Unidos.
A agenda de compromissos segue pela tarde. Às 16h, o petista se reúne com o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen. Na sequência, às 17h, conversa com chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e com o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre. Às 19h, recebe o presidente do Estado da Palestina e da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.
Na quarta (20), Lula se reúne com o presidente dos EUA, Joe Biden, quando será lançado o documento “Coalizão Global pelo Trabalho”, que defende a liberdade sindical e garantias aos trabalhadores por aplicativo, entre outras medidas.
Também na quarta (20), o brasileiro vai se reunir com o líder da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O encontro é aguardado desde maio deste ano, quando o brasileiro e o ucraniano participaram da Cúpula do G7, no Japão.
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