
O Programa Paradesporto Brasil em Rede, do Ministério do Esporte, expandiu o acesso ao paradesporto (que abrange os esportes praticados por pessoas com deficiência) “de forma qualificada, cientificamente embasada e com um profundo impacto social”. Mas, apesar disso, ainda são necessários avanços, como a oferta de transporte acessível e melhor infraestrutura esportiva. Essa é a conclusão da senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), que nesta quarta-feira (3) apresentou seu relatório sobre essa política pública à Comissão de Esporte (CEsp).
A senadora foi a responsável por analisar o programa, que foi a política pública escolhida pela CEsp para ser monitorada e avaliada neste ano.
Em seu relatório, que foi aprovado pela comissão, Mara Gabrilli apresentou um diagnóstico detalhado do funcionamento da rede, do impacto gerado e das oportunidades de aprimoramento.
A relatora destacou a participação brasileira em paralimpíadas, com recordes de medalhas na última edição, em Paris (2024), e afirmou que “o esporte e a educação são as nossas ferramentas mais poderosas de inclusão”.
Mara Gabrilli e o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, José Antônio Freire, lembraram que hoje se comemora o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência — Mara é tetraplégica e José Antônio é cego. Ele disse que essa data comemorativa estimula a “defesa dos nossos direitos, seja na saúde, na educação, no esporte”.
O Programa Paradesporto Brasil em Rede é uma política pública voltada à inclusão de pessoas com deficiência no esporte, tendo sido instituído em março de 2024. Além de buscar democratizar o acesso ao paradesporto em todo o país, o programa fomenta uma rede colaborativa entre universidades e institutos federais, com ênfase nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Atualmente há 10 unidades operacionais, mas há previsão de expansão, em curto prazo, para mais quatro unidades. E, futuramente, espera-se que haja pelo menos uma unidade em cada estado.
O programa atende pessoas com deficiência de diversas idades (com registros de 4 a 65 anos), incluindo aquelas com deficiências auditivas, intelectuais e transtornos do espectro autista (TEA).
De acordo com Mara Gabrilli, a estrutura em rede do programa — que tem como núcleo gestor a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) — aliada ao tripé ensino-pesquisa-extensão, “consolida-se como um modelo para o desenvolvimento do esporte inclusivo no Brasil”.
O programa cumpre, segundo a relatora, "o objetivo de aliar a prática esportiva (extensão) à formação de profissionais qualificados (ensino) e à produção de conhecimento aplicado (pesquisa), gerando um ciclo virtuoso de desenvolvimento para o paradesporto nacional e qualificando o debate público com base em evidências".
— O programa cria uma força de trabalho rara, especializada em paradesporto. E ao preencher uma lacuna nacional de competências a um custo reduzido, a gente já ganha. E ao oferecer bolsas de extensão, consolida-se como um campo prático fundamental para estudantes de educação física, fisioterapia, terapia ocupacional, qualificando a sua formação com experiência direta e supervisionada — expôs Mara.
Uma das diretrizes do Programa Paradesporto Brasil em Rede é buscar mais participação feminina. O percentual geral está em 31% de acadêmicas, ainda abaixo dos 50% almejados.
Mara Gabrilli ressalta que, apesar do sucesso na implementação e do impacto na vida dos beneficiários, o programa enfrenta desafios estruturais e logísticos. Segundo ela, as dificuldades relacionadas ao transporte dos participantes, ao fluxo de recursos financeiros e à infraestrutura esportiva são os pontos mais críticos, que demandam atenção estratégica.
— Pela legislação brasileira, todo sistema de transporte nacional já deveria ser acessível, desde 2014 — afirmou a senadora.
Por isso, ela recomenda o enfrentamento da barreira relacionada ao transporte, com articulação com programas governamentais de transporte escolar e acessível. Além disso, recomenda o treinamento específico e contínuo das equipes de execução local, a catalogação de equipamentos locais por gestores e o treinamento desses gestores locais para a utilização de plataformas de monitoramento.
Presidente da CEsp, a senadora Leila Barros (PDT-DF) declarou que “essa avaliação é um instrumento de melhoria contínua, de transparência e de responsabilização”.
— É um projeto que a gente sabe que, com investimentos, será muito exitoso, mas que ainda carece de estrutura, carece de financiamento e carece de vontade política — disse Leila.
O relatório será encaminhado à Presidência da República. Uma das sugestões do documento — a ser apresentada ao Ministério da Educação e ao Ministério do Esporte — é a criação de uma modalidade ou diretriz específica, no âmbito do Programa Caminho da Escola, para garantir o acesso logístico e o transporte adaptado dos beneficiários dos núcleos de atendimento do Programa Paradesporto Brasil em Rede.



Senado Federal Marcos Rogério critica mudança em regras de impeachment de ministros do STF
Senado Federal CCJ aprova Política Brasileira de Alimentação Escolar
Senado Federal Plínio Valério critica decisão de Gilmar Mendes sobre impeachment