
Representantes do governo federal vislumbram um amplo uso de Inteligência Artificial (IA) nas políticas públicas, como no atendimento à saúde em regiões remotas e na educação básica. Os convidados estiveram na Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) nesta quarta-feira (22) para debater o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial. O documento orienta ações do governo federal no setor até 2028 e teve sua última versão publicada em junho.
Autor do requerimento de audiência pública (REQ 22/2025 - CCT), o senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) ressaltou que a tecnologia pode interpretar os muitos dados em mãos do poder públicopara resolver problemas antes mesmo que ocorram. No entanto, disse, "o ser humano deve ser o centro das decisões".
— A gente precisa reduzir a carga de trabalho na correção de problemas de saúde e precisa trabalhar na prevenção... [Mas] é preocupante o medo que existe de a IA assumir posições de trabalho — disse o senador.
O Ministério da Saúde conta com muitas informações sobre saúde, epidemias e até clima, disse a secretária de Informação e Saúde Digital da pasta, Ana Estela Haddad. Segundo ela, o ministério já usa algoritmos que ajudam a comprar medicamentos baratos e sem desperdício.
— [A IA pode ser usada] para a redução da mortalidade infantil na Amazônia Legal, utilizando modelos preditivos para identificar gestantes de risco; para vigilância epidemiológica em tempo real, prevendo surtos de dengue; para a personalização do tratamento oncológico no SUS... — enumerou a gestora.
O plano do governo federal prevê investimentos de R$ 23 bilhões até 2028. O valor será principalmente para empréstimos ao setor privado e gastos em infraestrutura e desenvolvimento da tecnologia. Entre 54 ações, o plano inclui:
No início de setembro, a comissão recebeu detalhes do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial das mãos da ministra Luciana Santos, da pasta de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Os investimentos nele previstos são em grande medida tidos como assegurados, pois os gastos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) não podem ser bloqueados a fim de controlar os gastos públicos. O ministro em exercício da pasta, Luis Manuel Rebelo Fernandes, elogiou os parlamentares por incluírem a regra na Lei de Responsabilidade Fiscal em 2021 .
Há discussões sobre incluir matérias de inteligência artificial como disciplina obrigatória nas escolas, revelou o representante do Ministério da Educação (MEC), Fernando de Barros Filgueiras. É possível capacitar professores para ensinar sobre IA e com IA, declarou.
— Existem iniciativas como a do estado do Piauí, que fez todo o processo de capacitação de professores, tornou obrigatória a disciplina de IA no âmbito do ensino médio e tem colhido resultados muito interessantes — disse o ministro.
O governo tinha a meta de abrir 5 mil vagas para cursos superiores com tema principal de IA em até três anos. Mas a meta já foi alcançada em 2024. Foram 8.104 vagas criadas, informou Filgueiras.
As universidades são as principais desenvolvedoras de IA no Brasil, afirmou o diretor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (vinculado ao MCTI), Caetano Penna. A maior parte das solicitações de patentes de IA no país é delas. No entanto, o Brasil precisa melhorar os meios para as empresas acessarem essas ferramentas, defendeu Penna.
— Pedir para a universidade fazer a inovação é criar uma nova missão para as universidades e sobrecarregar ainda mais esse sistema.
Pequenos negócios ainda dependem de tecnologias simples, como aplicativos de mensagens de celular, para a comunicação e publicidade, disse a responsável por IA no Sebrae, Dalila Machado. Ela avaliou a dependência como problemática. Em média, essas empresas também possuem baixo nível de automação operacional, disse.
Quase 90% dos pequenos negócios usavam celulares em 2023, mas menos de 40% usavam propagandas pagas em redes sociais ou navegadores de internet. Os dados são de pesquisa do Sebrae citada por Dalila Machado.
O debate teve a participação de representantes de vários outros setores do governo, que participaram por meio de videoconferência.
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