Festival CineToca é realizado com apoio do Gover do do Estado e celebra o potencial do audiovisual local

Uma noite dedicada à celebração da arte e do potencial do audiovisual tocantinense marcou o encerramento do Grande Prêmio do Cinema do Tocantins (CineToca), realizado na sexta-feira, 26, no CineSesc, em Palmas. O evento contou com apoio do Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), via edital da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab)

Na cerimônia de premiação, a Secult foi representada pela assessora de gabinete Lara Faez. Ao entregar um dos troféus da noite, Lara destacou a importância do festival para o fortalecimento do setor audiovisual no Estado. “É uma grande satisfação estar aqui hoje. Parabenizo a todos pela organização deste festival e desejo que o nosso audiovisual siga crescendo, se fortalecendo e sendo cada vez mais valorizado e fomentado por diferentes meios. Não poderia deixar de destacar o quanto achei belíssima a escolha do troféu. Uma homenagem sensível e poderosa ao patrimônio cultural do nosso estado. Meus parabéns por essa iniciativa”, afirmou.

Uma das inovações da edição foi o Troféu Ritxòkò, escultura em metal maciço criada pelo artesão tocantinense José Soares, inspirada nas bonecas Karajá — patrimônio cultural imaterial do Brasil reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2012. A peça tornou-se símbolo do festival, homenageando e reinterpretando o patrimônio cultural indígena do Tocantins, além de representar resistência e ancestralidade, alinhando-se ao formato de grandes festivais de cinema do país.

Além do troféu, os vencedores receberam valores simbólicos em dinheiro. A entrega foi realizada pelos organizadores do festival, professores e convidados da área.

Premiações

Os grandes vencedores da noite foram: "Trilhas da História: Estrada dos Tropeiros Canela de Taquaruçu do Porto", de Andréia Lopes e Cristiano Viana, eleito pelo júri técnico como Melhor Documentário da Mostra Tocantinense; "Maria Izabel", dirigido por Kaká Nogueira, escolhido como Melhor Filme de Ficção da Mostra Tocantinense.

"Maria Izabel" retrata o drama de uma mulher de meia-idade confrontada com a perda de identidade após ser demitida. Protagonizado por Bell Gama, com participação especial de André Mattos, o filme acompanha a protagonista em um momento de medos, devaneios e incertezas, até que encontra força em sua ancestralidade como forma de recomeço.

Pedro Barbosa, representante da equipe de direção do filme, agradeceu a premiação. “Estamos realmente muito honrados com essa premiação. Foi um longa desenvolvido com muito carinho, acompanhei todo o processo de perto. Só tenho a agradecer por fazer parte deste evento incrível e por receber esse troféu tão bonito. Muito obrigado, de coração."

O documentário "Trilhas da História" resgata memórias da antiga estrada dos tropeiros que ligava a Vila Canela a Taquarussu do Porto. Ao explorar os trechos remanescentes dessa estrada, surgem relatos autênticos e cativantes de moradores locais que viveram e testemunharam o passado da região.

A diretoria Andréa Lopes, agradeceu o apoio das políticas de fomento à cultura. “Como eu sempre digo: ninguém faz nada sozinho. Este filme foi feito com muito amor e com a participação ativa do povo de Taquarussu Grande. Esta homenagem é resultado de um trabalho coletivo e também do apoio dos editais de Fomento à Cultura, que tornam possíveis filmes como este, que não são comerciais, mas que precisam existir e chegar ao público". Cristiano Viana agradeceu a toda equipe e ressaltou que "nada de cria sozinho".

Outras premiações da Mostra Tocantinense, definidas pelo júri técnico, incluíram: "Por Grades, o Caminho para a Liberdade", de Jorge Cardoso – Melhor Direção; "Navegando entre Caixas Pretas", de Gustavo Henrique – Melhor Montagem (André Araújo) e Melhor Som e Trilha Sonora (Heitor Martins e Fredrico Garibalde).

Na escolha do júri popular, o prêmio de Melhor Filme Tocantinense foi para "O Cavaleiro das Ruas", de Alexandre Reis. Já o Melhor Filme de Ficção da Mostra Nacional foi "Kaduki", dirigido por Tiago Minamisawa.

Festival

A segunda edição do Festival CineToca apresentou uma programação voltada à valorização do cinema independente, com 12 obras na Seleção Oficial 2025. A Mostra Nacional exibiu sete filmes selecionados pelo cineasta e curador Jeferson Silva, com produções de diversas regiões do país. Já a Mostra Tocantinense contou com cinco filmes escolhidos pelo produtor Alexandre Wacker, evidenciando a produção local.

Além das mostras competitivas, o festival promoveu sessões abertas ao público, rodas de conversa com realizadores e a cerimônia de premiação. Realizado nos dias 23, 24 e 26 de setembro, o CineToca recebeu 443 inscrições de todas as regiões do Brasil e se consolidou como uma importante plataforma de promoção do audiovisual no Tocantins e no país.

O júri técnico foi composto pela crítica de cinema Carolinne Macedo, o produtor Ânderson Fragozo e o professor Dr. Miguel Angel. Os organizadores Túlio de Melo e Leandro Alcântara agradeceram o apoio institucional e reafirmaram o compromisso com a continuidade do prêmio. “A partir de agora, nós nos comprometemos a realizar anualmente o nosso Grande Prêmio, um espaço permanente de exibição, valorização e promoção dos nossos realizadores, diretores e cineastas. Essa noite é muito especial. Não apenas porque vamos premiar os talentos que estiveram na competição, mas porque estamos afirmando, com convicção, que o nosso festival está à altura dos grandes prêmios e festivais de cinema do Brasil. É um marco que consolida o que construímos com tanto esforço e dedicação. E vale lembrar: o festival não termina aqui. Ainda neste ano, teremos a versão itinerante, que levará os filmes premiados a três municípios do estado do Tocantins, ampliando o alcance da nossa produção e democratizando o acesso ao audiovisual local,” concluiu Túlio.

Homenagem

Nesta edição, o festival também homenageou, pela primeira vez, uma personalidade: o jornalista e escritor Tião Pinheiro, reconhecido por sua trajetória no Tocantins e em Goiás, também atuante como poeta e compositor. Durante o evento, sua história foi destacada e um vídeo em sua homenagem foi exibido.

"Eu entendo a homenagem como algo coletivo. É impossível receber uma homenagem como esta, do audiovisual, celebrando 48 anos de carreira, e acreditar que foi algo conquistado sozinho. Por isso, não há falsa modéstia: recebo esta homenagem com orgulho, felicidade e alegria, mas reconhecendo que ela é, acima de tudo, o resultado de um trabalho coletivo.”

O festival contou ainda com a apresentação do projeto "Cinematografia Tocantinense", de autoria da cineasta, programadora e pesquisadora Elisângela Dantas. A pesquisa, também apoiada pela Secult via edital da Pnab, propõe um mapeamento das salas de cinema, realizadores, cineclubes, obras e histórias do cinema no Tocantins.

O evento contou com a presença do coordenador estadual do Ministério da Cultura no Tocantins, Cícero Belém, da presidente da Fundação Cultural de Palmas, Luara Aquino, e do presidente do Conselho de Políticas Culturais do Tocantins, Elpídio Neto, que prestigiaram a cerimônia e acompanharam a entrega dos prêmios.