O Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), prestigiou, no sábado, 26, o I Festival de Literatura Independente do Tocantins (Flito), no Museu Casa Suçuapara, localizado no Parque Cesamar, em Palmas. O evento foi contemplado pelo Edital nº 22/2024 – Projetos Culturais – Palmas, da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab).
O festival é uma forma de valorizar escritores locais independentes e promover um intercâmbio entre autores tocantinenses, editoras, escolas e públicos diversos, além de revelar novos talentos.
Representando o governador Wanderlei Barbosa e secretário da Secult, Tião Pinheiro, o professor Du Oliveira integrou a mesa temática “Literatura como política pública: caminhos para fortalecer o livro, o leitor e o território”, e ressaltou que o festival é uma oportunidade fundamental para fortalecer a cadeia literária local, incentivando autores, editoras independentes e leitores, além de fomentar o debate sobre políticas públicas que valorizem a cultura no Tocantins.
Também participante da mesa, a presidente da Fundação Cultural de Palmas, Luara Aquino, ressaltou a importância da iniciativa. “A gente não quer ser invisível nos lugares onde estamos. É preciso lutar para que existam espaços de fala, de poesia, de reflexão, onde nossas ideias possam ganhar mais do que a invisibilidade. Ser parceiro de projetos como o Flito é fundamental. O projeto alcança muitas pessoas e faz a diferença na vida cultural da nossa cidade.”
Já o organizador do evento, Matheus José, falou sobre a diversidade da programação e do público. “A movimentação foi uma surpresa. Mesmo no mês de férias, tivemos muitas visitas. A programação também ajudou muito, porque uniu escritores de vários gêneros e tipos de livros para todos os gostos”.
Participação
No local, os escritores tiveram a oportunidade de expor suas obras literárias, além de participar de rodas de conversa e apresentações.
A escritora Celine Azevedo participa do festival com a exposição da obra Flores Radioativas, livro de poesias lançado em 2020. A autora, que também atua como advogada na área de Direito das Famílias e no combate à violência doméstica, conta que o livro é inspirado em experiências pessoais e estruturado em quatro fases. “Dividi o livro em quatro capítulos: verão, outono, inverno e primavera, em que cada um representa uma etapa da relação. O verão é a fase da alegria; o outono traz as primeiras decepções; o inverno é o rompimento e a introspecção; e a primavera simboliza o recomeço após tudo isso”, explicou.
Já o escritor Antônio Oliveira ressaltou a importância do festival para a valorização da cultura local e o apoio aos pequenos editores independentes. “Esse festival é uma oportunidade ímpar para mostrarmos nossas obras e estarmos próximos da sociedade, contribuindo para que o Estado e os municípios elaborem políticas públicas que atendam aos anseios dos pequenos e independentes editores", destacou.
Autor do livro Algibeira dos Olhos, o escritor Tácio Pimenta destacou que sua poesia nasce da vivência no Cerrado e ressaltou o papel do festival na promoção da cultura local. “Minha poesia foi desenvolvida aqui em Palmas, inspirada no chão vermelho do Cerrado, na contemplação da natureza e em temas existenciais. O festival é fundamental para dar vida à obra, permitindo que ela chegue aos leitores e tenha continuidade além do lançamento”, comentou.
Temas ligados à natureza e às belezas dos cenários tocantinenses foram predominantes. A escritora e jornalista Angel Lima apresentou ao público seu livro Fotolíricas do Cerrado, sua primeira publicação individual, que une fotografia e poesia. Segundo a autora, a obra retrata os ciclos naturais do Cerrado, desde a queimada e a seca até as chuvas e a primavera florida.
“Fotolíricas do Cerrado é minha primeira publicação literária e fotográfica individual. O livro traz fotografias e poemas que refletem os ciclos do Cerrado — da queimada, seca, chuva até a primavera com as floradas. É um trabalho foto-poético que expressa a beleza e os desafios dessa região", relatou.
Para a escritora Fabiana Rodrigues Oliveira, destaca-se a relevância do evento para a difusão cultural. “Fazer parte do festival é muito importante, pois acredito que minha obra pode ajudar outras pessoas a cuidarem da mente, do corpo e do espírito. Estou feliz em contribuir não só em Palmas, mas em todo o Tocantins. Além disso, a cultura fomenta a economia ao levar lazer e facilitar o acesso aos livros para quem tem dificuldade de ir até uma livraria", avaliou.
O festival recebeu visitantes tanto da capital, Palmas, quanto de outras cidades. Entre eles estava dona Antônia Raquel Cardoso, de 93 anos, natural de Dianópolis, que esteve acompanhada do bisneto. Ela ficou encantada com o evento e folheou um livro repleto de desenhos. “Por onde passei, achei tudo bonito!”, declarou.
A programação do Flito foi finalizada nesse domingo, 27, com o “Poesia de Botequim” – um sarau de música e poesia que reúne artistas, escritores e o público em uma celebração descontraída da literatura e da cultura tocantinense, em uma petiscaria localizada na Praia da Graciosa.